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Mr. Grover em Carrancas

fevereiro 25, 2009

Tenho um amigo de 8 anos que me incumbiu de uma missão complicada: levar um bonequinho pra passear e tirar fotos. 

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Assim como no  filme “Amélie Poulain”, em que um anão de jardim dá a volta ao mundo, chegou às minhas mãos um chaveirinho fofo, com o nome do professor do meu amiguinho, Mr. Grover, e eu deveria levá-lo a lugares históricos ou interessantes.  

Lá foi Mr. Grover comigo pra Carrancas, disneilândia das cachoeiras. 

Carrancas fica mais ou menos no sul de Minas, perto de São João del Rey, e tem a mesma formação geológica que a Serra da Canastra, com muitas cavernas e cachoeiras de água puríssima…

Cachoeira da Fumaça

Cachoeira da Fumaça

É um marco importante no roteiro da Estrada Real…

marco da Estrada Real

…mas depois do declínio do ciclo do ouro ficou recolhida à produção agropecuária…

cavalinhos1

 …com muitas florestas de eucaliptos.

bosque de eucaliptos

bosque de eucaliptos

Carrancas tem cachoeiras paradisíacas, já foi cenário de novelas e conserva um ar pacato que já é difícil de detectar nas cidadezinhas mais próximas de grandes centros.

trilhos
A região foi rica em fazendas coloniais, de plantações de café e, dizem as más línguas, criadouro de escravos.
Fazenda Bananal, 300 anos

Fazenda Bananal, 300 anos

Nossa pousada é uma graça…
equipe
 tem umas redes aconchegantes e uma comidinha ótima
jardim-da-pousada
Mas o mais divertido na região são os “passeios molhados”, quédizê, as trilhas para as cachoeiras.  Começamos com a mais próxima da cidade, o poço do Moinho:
Cachoeira do Moinho

Cachoeira do Moinho

Essa cachoeira fica numa trilhinha de dez minutos, e tem uma queda deliciosa.  Fica bem pertinho de uma formação rochosa esculpida pela água com o singelo nome de poço do Coração
Poço do Coração

Poço do Coração

Imagina um ofurô…gelado?!?!!!!  Ainda assim é muito bom.
contemplando
O caminho pra cada poço já vale o passeio.  Dá vontade de parar e curtir cada fiapinho de água…
Arbusto carvoeiro

Arbusto carvoeiro

As trilhas são enfeitadas por uma vegetação já de cerrado…
Jequitibá Rosa GIGANTE

Jequitibá Rosa GIGANTE

Olha o Mr. Grover lá no tronco…

  juliano-e-tatu

Espia quem veio nos dar as boas vindas!!!
No final da dura jornada, nada como uma paradinha pra descansar…
Taberna dos Inconfidentes

Taberna dos Inconfidentes

Carrancas não tem nenhum restaurante hypado nem bistrozinho charmoso, mas a comida mais gostosa é no Posto de Gasolina (!!!!!).  É um PF pra caminhoneiro nenhum botar defeito, com uma salada fresquíssima: a mulher do dono tem uma hortinha, é bom reservar a “janta”, ela colhe tudo à tardinha e o feijão é inesquecível.  Por ridículos R$ 11,00 (ON-ZE RE-AIS!!!!).

Dia seguinte, vamos pro Complexo da Zilda: um parque temático de cachoeiras, quedas d’água e riachinhos pra agradar qualquer fluviófilo, é programa pro dia todo, um monte de coisas pra ver…

Chegada à Zilda

Chegada à Zilda

Prainha da Zilda

Prainha da Zilda

Proa da Zilda

Proa da Zilda

Escorrega da Zilda (foto antiga)

Escorrega da Zilda (foto antiga)

(cuidado com o biquíni…)
Cachoeira dos índios (na Zilda)

Cachoeira dos índios (na Zilda)

Caverna da Zilda

Caverna da Zilda

Mas o melhor ficou para o último dia: a Cachoeira da Esmeralda, cuja água justifica plenamente o nome…
Quero um brinco dessa água...

Quero um brinco dessa água...

E o poço do Guatambu, que, segundo nosso guia Reginaldo, quer dizer madeira branca em tupi guarani.  Por mim, podia ser até a tradução de cimento queimado, eu a-do-rei esse lugar…
The Best

The Best

Mas a água podia ser um tiquinho mais quente…
Con-ge-lan-do

Con-ge-lan-do

 No caminho de volta pro Rio ainda fizemos um shop-stop em Tiradentes (é caminho!)

artesanato    beco    matriz

beco-do-padre  cavalinho  via-crucis

Mas aí já é outra viagem, né?

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Já estou sentindo falta daquele monstrinho azul na bolsa, me acompanhando na viagem. 
 

Canastrona!

outubro 8, 2008

A proposta do meu amigo César parecia interessante:  o Carnaval sem Bumbo na Serra da Canastra.  Uma expedição pela famosa serra até a nascente do Rio São Francisco, com direito a muitas cachoeiras pelo caminho, e realmente, ne-nhum apito, bumbo ou tamborim pela frente.  Teria sido um passeio perfeito, se o carnaval não adiantasse o serviço e caísse no começo de fevereiro.  Ora, qualquer habitante do sudeste sabe que essa é a época das monções, como diz meu guru viajante Riq Freire, ou seja, chove implacavelmente.  Nem toda essa chuva abateu o ânimo dos expedicionários.

Saímos no domingo, pra escapar do êxodo carnavalesco, e tomamos chuva pela frente até a chegada a Passos, já no fim da noite.  Foi um estirão de 700 km a passo lento, cautela mais-que-necessária nas estradas com tempo chuvoso.  Chegamos exaustos, e a cidade me pareceu simpaticíssima, principalmente tendo uma cama limpa e sequinha.

O sacrifício da véspera foi compensado pelo passeio à Cachoeira da Maria Augusta, em São João Batista do Glória. 

O caminho passa pela Serra da Babilônia, que deve ser lindíssima com sol

Serra da Bailônia (baixo)

Serra da Bailônia (baixo)

Serra da Babilônia (alto)

Serra da Babilônia (alto)

O guia que nos levou pelo lamaçal pela estrada era o próprio filho da D. Maria Augusta, o que nos dava segurança pra sambar de carro (é, pelo menos os carros sambaram muuuuito).  Foi praticamente um rally de carnaval

Na trilha da cachoeira, as coisas não estavam melhores:

    

Mas a chegada à cachoeira redimiu todas as dificuldades do caminho

Devo registrar também que na casa da Maria Augusta come-se um feijãozinho caseiro pra vó nenhuma botar defeito, mas a fome e a exaustão eram tão grandes que os “bandeirantes” nem lembraram de fotografar.  Barriguinha cheia, bandeirantes contentes

Nossa avidez por cachoeiras não nos permitiu encerrar o dia SOMENTE com essa cascata maravilhosa da Maria Augusta, tão imponente e gelada.  Ao passar no centro da cidade, resolvemos tomar mais um banho

   

(repare a expressão de terror das crianças)

Parêntesis: as fotos mais bacanas desse post são obra do Alessandro Doutor Alê, que conseguia diferenciar até os tipos de joaninhas das trilhas.

Na terça feira avistamos a serra pela primeira vez, com toda sua imponência.  O nome canastra deve-se à sua forma de cesto ou baú

Esse também é o caminho para a parte baixa da Cachoeira Casca D’Anta, onde a força da água mostra tudo de que é capaz

Observação: imagine isso com sol (foto descaradamente roubada da expedição da Mana, numa época mais adequada)

Mesmo assim , o povo aproveitou a energia impressionante do lugar

 

 

Todo mundo energizadim

Ainda nesse dia nós fomos conhecer a Represa de Furnas, com seu belíssimo lago

Pernoitamos em Vargem Bonita, onde aproveitamos pra fazer umas compritchas e degustar uns produtos típicos da região

 Quarta feira de Cinzas, fim do carnaval, começo do passeio no Parque Nacional da Serra da Canastra, ponto alto da nossa expedição.  A estrada estava muito ruim, o que restringiu um pouco nossos objetivos

 

 

A paisagem é muito bonita, mesmo com chuva.  Aliás, temos que agradecer a São Pedro, pois toda vez que nos aproximávamos de uma cachoeira, ele abria uma nesguinha de sol pra esquentar nosso banho por pelo menos meia horinha, valeu, Pedrão!

   

“Velho Chico, vens de Minas

De onde o oculto do mistério se escondeu..”

 

 Será que o Caetano Veloso já veio aqui? A emoção de chegar até a nascente do Rio São Francisco, guardada pela imagem do santinho só se compara à grandeza da foz do mesmo Rio, lá pras bandas de Penedo – Alagoas. 

 

Como é que aquele fiapinho de água, tão transparente, com peixinhos displicentes nadando de lá pra cá, pode percorrer tantos estados, alimentar tanta gente, movimentar o país? Juro que fiquei com a garganta apertada…e aproveitei pra dar um mergulho, né?

 

Não satisfeitos com toda essa energia, aproveitamos o passeio no Parque e fomos à parte alta da Cachoeira Casca D’Anta. 

A trilha é muito bem sinalizada

A neblina criava uma atmosfera de filme de terror misturada com aventura

Completamente diferente dessa plácida banheirinha fotografada num dia de sol, pela minha sensata irmã

Com a alma lavada em água doce, fomos carinhosamente acolhidos na Pousada Barcelos em São Roque de Minas, pelo próprio Professor Barcelos, que mantém uma biblioteca e uma videoteca muito legal pros hóspedes. 

 

O carinho se revelou também na recepção da Cacau

São Roque é uma cidade muito simpática, pois além do Prof. Barcelos, da Cacau e da turma toda da pousada, tem também a Dona Inês, numa casinha sãofranciscana  😳   Mas que deliçura de jantar!!!   Forno a lenha, comidinha como cada um de nós queria, e toda atenção pra todos nós!

   

Deu problema no final…

Nossa expedição seguiu a rota para a Cachoeira do Cerradão, uma das poucas opções seguras que nos restou diante das chuvas e do perigo de trombas d’água, muito comuns nessa época.  Baideuêi, na véspera tínhamos escutado no Jornal Nacional a notícia de seis pessoas mortas numa cachoeira bem próximas de onde estivemos, em São João Batista do Glória.  O perigo é que o povo começa a beber (!) na beira da cachoeira, vem a chuva e traz a cabeça d’água, não dá tempo nem de pular pra uma outra pedrinha  🙄

Tem que prestar MUITA atenção à trilha:

Tinha uma cobra no caminho…No caminho tinha uma cobra…e era coral!

Se eu soubesse que cobras são surdas, teria gritado muuuito, pra avisar o povo, mas limitei-me a deter meus colegas até a cobra seguir o rumo dela, tranquilamente 😳

Mas o banho super valeu a pena, principalmente a idéia de jirico do nosso Capitão, de subir nadando a correnteza, só pra descer boiando nela.  Se eu não tivesse deixado alguns alvéolos lá, teria sido muito legalll

No último dia da expedição tínhamos programado uma ida ao Paraíso Perdido, mas estava fechado, devido ao perigo de tromba d’água, então tiramos uma fotinha só pra registrar a passagem e seguimos

Mas os santos protetores de Anhangüera não iam deixar nosso último dia tão mixuruca, e nós acabamos parando num lugarzinho leeeendow chamado Lago Azul, com a água mais transparente que encontramos em todos os banhos. 

 

É um “clubinho” na beira da estrada, paga-se para entrar, tem até um passeinho de chalana na Represa dos Peixotos, mas nossa alma aventureira não caberia dentro de um barquinho tão comercial naquele momento.

 Assim, fechamos com chave de ouro nossa Expedição à Serra da Canastra, que mesmo com todos os percalços foi uma aventura deliciosa.  A equipe não poderia ser melhor: o bom humor sempre esteve presente; a contribuição de cada um para que tudo desse certo, a experiência de convivermos em harmonia mesmo sendo tão diferentes e aprendermos tanto uns com os outros, na balsa de Passos, na volta, me fizeram lembrar de um poema de um grego de nome complicado (Konstantinos Kavafis)

Viagem à Ítaca

Quando começares tua viagem a Ítaca
pede que o caminho seja longo,
cheio de aventuras, cheio de experiências.
Não temas aos lestrigões nem aos ciclopes,
nem ao colérico Possêidon,
tais seres jamais acharás em teu caminho,
se teu pensar for elevado, se seleta
for a emoção que toca teu espírito e teu corpo.
Nem aos lestrigões nem aos ciclopes
nem ao selvagem Possêidon encontrarás
se não os levares dentro de tua alma,
se não os ergue tua alma diante de ti.
Pede que o caminho seja longo.
Que sejam muitas as manhãs de verão
em que chegues – com que prazer e alegria!-
a portos antes nunca vistos.
Detém-te nos empórios de Fenícia
e mostra-te com belas mercadorias,
nácar e coral, âmbar e ébano
e toda sorte de perfumes voluptuosos,
quanto mais abundantes perfumes voluptuosos possas.
Veja muitas cidades egípcias
a aprender, a aprender de seus sábios.
Tenha sempre Ítaca em teu pensamento.
Tua chegada ali é teu destino.
Mas não apresses nunca a viagem.
Melhor que dure muitos anos
E atracar, velho já, na ilha,
Enriquecido de quanto ganhaste no caminho
Sem esperar que Ítaca te enriqueça.
Ítaca te ofereceu tão bonita viagem.
Sem ela não haverias começado o caminho.
Mas já não tem nada a dar-te.
Ainda que as ache pobre, Ítaca não te enganou.
Assim, sábio como te tornaste, com tanta experiência,
Entenderás já o que significam as Ítacas.
 

 

 

 

 

 

 

Companheiros, obrigada por tudo!

Obs.: Se quiser fazer uma viagem mais séria à Canastra, consulte o blog da Emília, ela tem tooodas as informações necessárias, além de fotos lindas de lá.

Belzonte Cultural – o CACI

setembro 27, 2007

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Como muita gente sabe, minha mana adotou a cidadania “mineiroca” (mineira+carioca) e eu vivo visitando esse ramo “belzontino” da família.  Toda vez que eu vou lá, ela aparece com uma novidade “alterosa”.  

A novidade que mais me encantou foi o Centro de Arte Contemporânea de Inhotim, o CACI. É um mega-museu a céu aberto a 60 km de Belo Horizonte, instalado numa antiga fazenda de 300 mil m2 que pertenceu à uma empresa mineradora na região de Brumadinho (Inhotim – pertencente ao senhor Tim).  O CACI foi criado em 2004 com o acervo do empresário Bernardo Paz, e conta com obras de artistas brasileiros reconhecidos internacionalmente como Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Tunga, Vick Muniz e outros estrangeiros.

São sete edifícios projetados por Paulo Orsini, perfeitamente integrados aos jardins nababescos da grife Burle Marx. 

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Eu não sou exatamente uma marchand, mas saí de lá entendendo tudo sobre as obras expostas, as visitas guiadas (vale muuuito a pena agendar) são feitas por alunos de artes plásticas e por estudantes da comunidade local patrocinados pelo próprio museu.  Isso torna tudo mais interessante.

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(Qual é a cor dos carros?)

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(De longe parecem mariposas voando)

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(mega-dedal, hiper-linha e über-agulha, com farpas metálicas, presas MAGNETICAMENTE)

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Espelhos amigos e inimigos (côncavos e convexos)

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Uma bola de futebol espacial? Não, uma instalação muito “enjoativa” com uma fonte e luz negra

Mas, o que mais impressiona são as experiências sensoriais.  Algumas “instalações” se propõem a provocar os sentidos.  A que eu mais gostei foi uma sala com 40 caixas de som de altíssima qualidade que reproduzem um coral masculino de 40 vozes, tocando uma peça barroca.  Pode-se escutar cada um deles respirando, tossindo e falando antes de começar a cantar.  Nós ficamos no meio da sala e quando eles cantam juntos dá a exata sensação de estar no meio do palco, aonde quer que eles estejam.  

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Agora o museu foi providencialmente equipado com dois restaurantes, um deles tipo bistrô e outro com um buffet muito bem servido, com paredes abertas pros jardins nababescos.  É um passeio pra todos os sentidos.

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Aberto de quinta a sábado, o Centro recebe visitas gratuitas agendadas anteriormente, e grupos escolares exculsivamente às quintas-feiras.

Telefone:
(31) 3571 6638
Internet:
http://www.caci.org.br/
info@caci.org.br